CUT Nacional comemora 40 anos e defende mudança estrutural no país

O delegado do SINTICAL, Rogério Aguirre junto a Everaldo Santoni e Maristane Gaspar (Stia Lajeado) e José Modelski Jr e Geni D. R. de Oliveira (Stia Serafina Correa)

A CUT Nacional comemorou 40 anos de fundação durante o seu “14º Congresso Nacional – Luta, direitos e democracia que transformam vidas”, realizado de 19 a 22 de outubro, na cidade de São Paulo. No evento, o metalúrgico do ABC, Sérgio Nobre, foi reeleito presidente da central para o período 2023- 2027.

Cerca de duas mil lideranças, delegados e delegadas de diferentes ramos de atividade, participaram do congresso que contou com a representação do SINTICAL, através do diretor Rogério Aguirre. Também estiveram presentes aproximadamente 200 convidados internacionais oriundos da Europa, África, Ásia e as Américas Latina e do Sul.

Combate à desigualdade e desenvolvimento sustentável

Com vasta programação que incluiu conferências, premiações e homenagens, o 14º CONCUT apresentou debates tais como “Intervenção da CUT na reconstrução do desenvolvimento econômico sustentável e combate à desigualdade”. O debate foi coordenado pelo diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Junior, que chamou a atenção para a necessidade de o Brasil fazer a transição de uma sociedade extremamente desigual para uma sociedade justa. 

O delegado do SINTICAL, Rogério Aguirre junto a Everaldo Santoni e Maristane Gaspar (Stia Lajeado) e José Modelski Jr e Geni D. R. de Oliveira (Stia Serafina Correa)

Hoje, no Brasil, quase 34 milhões de pessoas vivem com fome; 100 milhões moram em áreas de risco; 5 milhões de crianças estão fora das creches, e

mais da metade dos trabalhadores não possuem proteções trabalhistas, ou seja, estão no mercado informal, sem proteção social e representação sindical. 

Segundo o diretor do Dieese, quando as condições econômicas e políticas do país oscilam, são os trabalhadores que pagam a conta. Em momentos de crescimento econômico a renda não aumenta, porque a reserva de trabalhadores desempregados é grande, com rotatividade de mercado. Por outro lado, em momentos de retração da economia, os salários caem. Hoje, metade dos trabalhadores ganham, em média, R$1.800. 

Envelhecimento e reformas

O conferencista ainda apontou que a conquista de trabalho decente depende também de um ambiente sustentável. Como exemplo, lembrou que “os trabalhadores da agricultura familiar são os primeiros a serem expulsos de suas propriedades quando há um evento climático extremo. Não é o agronegócio, que recebe muito mais investimento. Nós vimos isso nos estados do sul do país agora mesmo”, disse, se referindo às enchentes na região. 

Além disso, destacou o envelhecimento da população como outro grande desafio para o país. Até 2050 o Brasil terá a sexta população mais velha do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, segundo os dados expostos por Fausto Junior, o número de trabalhadores com mais de 60 anos (15% do total) já se equipara ao número de jovens no mercado de trabalho. 

Este fenômeno envolve recursos e direitos previdenciários. Segundo o diretor, nos próximos anos, além das crianças em situação de rua, serão milhares de idosos em situação de rua. Muitos que trabalharam a vida toda, não terão o direito de se aposentar. Isso atinge especialmente as mulheres, muitas na economia do cuidado e que não terão sequer um salário mínimo na velhice”, destacou.

Por isso, segundo Fausto, a condução que o governo e a sociedade farão às reformas Tributária, Previdenciária e Administrativa irá definir o modelo de país

e de Estado daqui em diante. “Fazer uma transição justa significa mudar a estrutura econômica e social do país, com desenvolvimento sustentável e sindicatos fortes”, defendeu, ao encerrar a sua explanação. (Com informações da CUT Nacional)