Em cerimônia marcada pela reflexão sobre os desafios das organizações sindicais, confraternização e momentos de emoção, a chapa “Unidade e Resistência Cutista”, liderada pelo sindicalista Valdemir Corrêa, foi empossada dia 22 de dezembro, em Santa Maria. O evento ocorreu no auditório Cipriano da Rocha, na sede central da entidade, e contou com a presença de lideranças sindicais da alimentação e representantes da Central Única dos Trabalhadores, além de representantes de várias entidades sindicais do município e região, como Assufsm (UFSM), Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Maria, SINTECON, SITRACOVER, Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Miraguaí, Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Lajeado, além de membros da Comissão Eleitoral, representantes das Assessorias Jurídica, Contábil, Comunicação e funcionários da entidade.
Após a diplomação dos diretores eleitos (as), entre todos, quatro diretoras, Eloiz Guimarães Cristino, coordenador da CUT Regional Centro, parabenizou o SINTICAL destacando a continuidade do processo democrático garantido pela eleição de mais uma gestão comprometida com a luta de todos os trabalhadores. Esse reconhecimento às gestões do sindicato esteve presente em todas as falas dos sindicalistas que participaram da cerimônia, em que se destacou a atuação do ex-presidente Rogério Aguirre, em meio à pandemia, à expansão da crise econômica e aos contínuos ataques aos direitos da classe trabalhadora. Segundo Aguirre, que agora assume o cargo de Secretário Geral da entidade, afirmou que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas nos últimos quatro anos, o sindicato manteve a luta de prevenção à saúde do trabalhador nas empresas e ao mesmo tempo se manteve firme nas negociações coletivas que garantiram reposição salarial a todos os setores da categoria.
Autocrítica e mobilização
O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul – FTIA/RS, Paulo Madeira, também parabenizou a entidade e destacou os desafios das organizações sindicais, fazendo muitos alertas. Na avaliação de Madeira, os últimos quatro anos foram muito difíceis para os sindicatos e para os trabalhadores, porém, é necessário, ao mesmo tempo “fazer autocrítica” mais longa. A expectativa com o novo governo federal fortalece a esperança, no entanto, segundo Madeira, “nós temos que saber de que lado do balcão estamos”, e “não aguardar que os políticos garantam os direitos da classe trabalhadora”.
Justificando seus alertas, o presidente da Federação, lembrou que Bolsonaro só não desmontou mais direitos da classe trabalhadora, por causa da pandemia. Enfatizou, em seguida, que muitos patrões pretendem alterar práticas e jornadas nos frigoríficos, assim como voltam a pregar, no Congresso Nacional, a unicidade sindical no setor de cooperativas para enfraquecer a unidade da categoria da alimentação.
“É hora de a categoria aprender e remobilizar suas bases pela garantia de diretos conquistados e pela volta do ganho real”, disse ainda o presidente da Federação. E, por fim, enalteceu a persistência de Valdemir Corrêa, que já foi presidente da FTIA/RS e hoje retorna como presidente do SINTICAL, desejando vida longa ao sindicato que completa 90 anos em 2024.
Reversão de reformas e garantia da NR36
Na sequência de pronunciamentos da posse, o representante da Administração e Finanças da CUT/RS, Antônio Guntzel, reiterou os alertas feitos por Madeira, destacando a necessidade de mobilização para reverter as reformas trabalhista e previdenciária, conscientes da amplitude do novo governo Lula.
Já o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação – CONTC-CUT e do Sindicato da Alimentação de Serafina Corrêa, José Modelski Júnior, alertou para as correntes tentativas dos patrões para extinguir a NR36, uma das conquistas mais importantes de regulamentação do ambiente de trabalho no setor Carnes e Frigoríficos. Também apontou a liberação de agrotóxicos e a precarização do trabalho como efeitos nefastos para a saúde do trabalhador e da população, e a necessidade de trabalhar a consciencialização do trabalhador, o que nunca foi fácil, elaborando a autocrítica e enfrentando a disseminação do individualismo no tecido social do mundo do trabalho.
Ao final dos pronunciamentos, falou o novo presidente do SINTICAL, Valdemir Corrêa, que recebeu agradecimentos de sindicalistas presentes e iniciou sua fala parabenizando o agora ex-presidente Rogério Aguirre pela coragem mantida à frente do sindicato nos últimos anos, e após, retomou um pouco da sua trajetória na categoria da alimentação.
Vinte anos depois, Corrêa volta à presidência do SINTICAL, ciente das mudanças nas características da própria categoria, agora marcada pela juventude, e da importância de investir na comunicação e formação dos trabalhadores e trabalhadoras.
O presidente empossado ressaltou ainda a relevância das organizações sindicais para a reconstrução das instituições democráticas, o resgate dos direitos dos trabalhadores (as) e a luta para remover o entulho autoritário feito pelo governo Bolsonaro. Questões prioritárias para seguir em frente e para garantir vida digna a toda classe trabalhadora.