Missão comunitária é o que define a trajetória do diretor Hermes Bertoldo, um dos associados mais antigos do sindicato e nosso destaque no mês de setembro.
Natural de Nova Palma, 75 anos, seu Hermes passou a infância e adolescência no Rincão de Santo Antônio, onde teve como primeiro ofício a lida da roça, junto com os pais agricultores que “plantavam de tudo: feijão, mandioca, fumo, soja, batata…”
Com a vivência da pequena agricultura em uma família de origem católica, o jovem Hermes ingressou na Universidade Federal de Santa Maria, onde formou-se técnico agrícola em 1973. Com a UFSM, teve a oportunidade de participar do Projeto Rondon, que lhe levou a conhecer o território brasileiro no norte do país.
Igreja e cooperativismo
Por alguns anos, o jovem Hermes trabalhou em São Paulo, lugar onde manteve seus laços de formação religiosa marcada pela Pastoral da Juventude e as Comunidades Eclesiais de Base, grupos sociais ligados à Igreja Católica, mas orientados pela Teologia da Libertação.
Ao fazer o caminho de volta para Nova Palma, seu Hermes consagrou e ingressou em novas experiências que iriam marcar sua vida para sempre. Em dois de abril de 1975 casou com Dona Ivone Rossato, tornou-se pai de Vitor, Cristina e Jaqueline e avô. “Tenho duas netas e mais uma a caminho”, diz o nosso entrevistado, contando com alegria que a família vai aumentar.
Na volta à Nova Palma, ainda passou a trabalhar como técnico agrícola na CAMNPAL, e, ao mesmo tempo, como comunicador, atividade mantida pelos setores de comunicação e educação do sistema cooperativista para, entre outras funções, estimular a participação dos associados em várias dimensões da entidade. Ali também foi responsável pelo informativo radiofônico da cooperativa; uma experiência que foi ampliada com a Rádio Comunitária de Nova Palma, onde, atualmente, é vice-presidente, e produz e apresenta os programas: “Ave Maria”- diário, e o “Informativo Paroquial” – semanal.
Rádio Comunitária, pioneira na região
Seu Hermes faz parte da história da emissora comunitária desde o seu projeto inicial, em 1998, quando junto com outros 17 moradores do município, fundaram a “Associação Cultural Nova Palma”, a fim de promover e divulgar as manifestações culturais, locais e regionais, através dos serviços de radiodifusão. O projeto foi aprovado em 2001 e em 15 de agosto de 2003 a emissora foi ao ar na frequência de 105,9 Mhz. “Fomos pioneiros na região”, conta ele, orgulhoso de animar essa mobilização em São João do Polêsine, Pinhal Grande, Restinga Seca e Dona Francisca.
Nessa caminhada da comunicação, seu Hermes aponta os desafios da radiodifusão comunitária. “É necessário mudar a lei das rádios comunitárias, permitindo o aumento da potência, hoje em 25 Watts, anúncios publicitários e ampliar a possibilidade de parcerias com os Poderes Públicos. Além disso, disponibilizar recursos para o aperfeiçoamento tecnológico, possibilitando a adequação e utilização das tecnologias digitais para a inserção nas redes sociais, integrando às plataformas digitais, para uma maior interação com o público ouvinte”.
Participação e liderança sindical
A época que antecedeu a virada do século, ainda ficou marcada por outras experiências associativas e políticas. Foi eleito vereador em 1992 e também concorreu a prefeito, mas, como ele afirma, bem-humorado, não insistiu nesse caminho: “era muita encrenca” para quem sempre trabalhou em proximidade com muitas pessoas.
Com essa perspectiva, contribuiu para a expansão da base do SINTICAL com os funcionários da CAMNPAL, antes representados por outra entidade sindical, decisão tomada em assembleia em 1987. A mudança foi significativa pois “a gente conseguiu várias conquistas, como salário base, quinquênio, convênios, entre outros”, avalia o diretor que participou de várias gestões do SINTICAL e hoje é conselheiro fiscal.
Diaconia, uma missão de vida
No início do novo século, seu Hermes assumiria mais uma tarefa comunitária, melhor dizendo, uma missão, ao ser ordenado Diácono da Paróquia Santíssima Trindade de Nova Palma. Missão exercida até hoje com maior intensidade depois da aposentadoria em 2007, também comemorada em família.
Diácono, dirigente sindical, comunicador…Entre tantas atividades ainda há tempo para fazer e desfrutar com a família aquele bom vinho aprendido com os pais e lidar com a terra, “agora em roda da casa”, diz ele, faceiro, salientando que a horta “está muito bonita”.