Motivado pelo desafio em todas as atividades de trabalho exercidas até hoje e dedicado à música, uma paixão aprimorada ao longo da vida. Assim pode-se definir um pouco do perfil de Danilo Leal da Rocha, funcionário da Coca-Cola FEMSA há 29 anos e associado do SINTICAL desde novembro de 2000.
Natural de Dilermando de Aguiar, Danilo, 57anos, pegou o gosto pela música quando criança, ouvindo seu pai tocar acordeão em casa, em São José da Porteirinha. Era pequeno diz o nosso entrevistado desta edição, lembrando da época que fazia a gaita do seu Paulo Rocha de banco. Com o passar dos anos, foi assistindo e ouvindo gaiteiros da sua terra natal, aprendendo com eles, alguns dos quais já foram parceiros em eventos musicais hoje recordados com orgulho.
Um desses eventos é o “2º Gaitaço Vergílio Mortari”, encontro de gaiteiros, ocorrido em 2013, em Dilermando de Aguiar, para homenagear a memória do acordeonista reconhecido na região. “Se hoje tenho gosto pelo acordeão, grande parte devo a ele”, diz o associado, contando que, na infância, atravessava a pé os campos de São José da Porteirinha para vê-lo tocar.
Para seguir os estudos no ensino médio, Danilo mudou-se para Santa Maria. Quando concluiu essa etapa, o pai queria que ele voltasse para Dilermando, mas ele decidiu ficar na cidade universitária, onde trabalhou em várias atividades como entregador de jornal, estagiário do Banco do Brasil, entre outras ocupações. A música seguia junto com ele, ao ponto de integrar conjuntos musicais que deram estrada para novos talentos. Danilo viveu muito essa experiência, porém, em algum momento refletiu e chegou a uma conclusão: “só de música não dá; o que ganhava com a banda, gastava tudo na noite”, decisão que o levou a abrir mais um caminho na sua trajetória.
Em 1994, o gaiteiro ingressou no curso de Economia da Universidade Federal de Santa Maria, passou a morar na casa do estudante e reforçou o gosto pela leitura, hábito que mantém até hoje, incluindo obras de cunho técnico e literatura. “Eu estudava em universidade pública, tinha casa e comida de graça, então aproveitava para comprar livros”, conta Danilo, certo, desde lá, de que “o estudo ninguém te tira e não ocupa lugar”.
Com essa disposição o estudante permaneceu na universidade e, cerca de um ano depois, começou a trabalhar na então CVI Refrigerantes como conferente de remessa, uma das várias funções que iria cumprir na empresa. Essa época também é lembrada com carinho, especialmente pelos momentos vividos no “Rancho Sorriso”, galpão dos funcionários da Coca-Cola, em que a equipe da noite saboreava um churrasco e desfrutava dos acordes da gaita do colega Danilo. Ou ainda dos encontros festivos com o setor comercial quando Danilo compartilhava o seu talento com o violão.
Tempos depois, o gaiteiro casou, teve uma filha, e passou a ocupar outras funções na empresa. Novos tempos, novos desafios, entre eles o MBA em controladoria com a Fundação Getúlio Vargas, realizado em Santa Maria aos fins de semana.
A música, porém, continuou cada vez mais fazendo parte da sua vida. Tanto é assim que participou várias vezes do Musicanto da Olimpíada da Alimentação e saiu sempre premiado. Para uma edição de São Borja, compôs uma música com um colega, imprimiu 50 cópias da letra e distribuiu para a delegação do SINTICAL, que cantou durante a viagem acompanhando seu violão e garantiu o 1º lugar na inédita. ”Foi um festão”, recorda. Depois veio Encantado e então Santa Maria, Olimpíada de 2004, premiado pela música inédita “Quando nada é o que sobra”, abordando a realidade salarial e outro prêmio pela interpretação de “Para bailar de cola atada”, de Cezar Oliveira e Rogério Melo.
Todas essas lembranças são de quem tem a música como força vital. “Acho que é meio espiritual, comenta o gaiteiro e violeiro que também se dedica à flauta harmônica e até fez um curso de chorinho para aprimorar suas habilidades vivenciadas em outros momentos. Entre esses, com a Fisaorquestra Vêneta de Silveira Martins e apresentações na Feira Internacional de Turismo em Gramado.
Há, assim, um gosto e uma prática de aprendizagem que também reflete na sua experiência com o sindicato, visto como relação de representatividade e amparo para todos. “Até deveria ter mais educação para isso, é para todos, e se há briga é porque é justa”.
Colecionador de vinis, Danilo revela, por fim, o quanto a música está presente na sua vida. “Se parar um dia, deixa-se de tocar um mês; e se parar um mês, leva um ano para recuperar”, explica o gaiteiro que ainda pensa em fazer a graduação em Música.